O dia em que eu cumprimentei o jogador que tomou o drible do Dudu na final do Paulistão 2023

Uma surpresa marcou a final do Campeonato Paulista no ano de 2023. O modesto Água Santa, de Diadema, que apenas dez anos antes fazia a sua estreia no futebol profissional, derrubava gigantes e chegava da decisão do maior campeonato estadual do Brasil, tentando fazer frente ao Palmeiras.

A equipe do ABC Paulista conseguiu a vitória no jogo de ida, disputado na Arena Barueri, e agora teria a missão de ir ao Allianz Parque para sair com o título. No entanto, o Palmeiras não deu chances para o Netuno e venceu por 4×0.

O segundo gol do Palmeiras saiu após uma linda jogada do Dudu, que após dar um drible da vaca de calcanhar no atleta adversário, cruzou na medida para Gabriel Menino concluir de cabeça.

O Dudu e o Gabriel Menino são bem conhecidos. O jogador que sofreu o drible dele, nem tanto. Trata-se de Thiaguinho. Antes de jogar pelo Água Santa, ele já havia passado por Inter de Limeira, Botafogo de Ribeirão Preto, Santo André, CRB, Oeste, Nacional da Barra Funda e até pelo Corinthians. Depois, jogou pelo Ituano, retornou ao Água Santa, até chegar ao Juventude, onde joga no momento em que este texto foi escrito.

Mas a história de sucesso, sim, de sucesso, pois a maioria dos jogadores no Brasil jamais chegarão à principal divisão brasileira, começou antes de todos esses times, e eu posso dizer que vi uma parte dela sendo escrita.

Thiaguinho jogou no Sub-17 do São Vicente e depois no ECUS, de Suzano, tendo em seguida se transferido para o Sub-20 do Guaratinguetá. Em meio à crise vivida pela equipe do Vale do Paraíba, que culminaria com os rebaixamentos para a quarta divisão do Campeonato Paulista e para a Série D do Campeonato Brasileiro em 2016, fatos que levaram o clube a abandonar o futebol profissional no ano seguinte, Thiaguinho saiu do Guaratinguetá em 2015, e foi parar na Mooca. E é aqui que nossa história começa.

Embora tenha feito parte do elenco que disputou a Copinha em 2016, foi em 2017 que ele alcançou o maior destaque. Capitão da equipe na ocasião, vinha demonstrando bom futebol desde a fase de grupos, ajudando o Juventus a se classificar para a segunda fase. Mas foi a partir daí que o volante ganhou o coração dos juventinos. Thiaguinho foi o autor do gol da vitória contra o Osasco Audax, em Osasco, na segunda fase, e no jogo seguinte, tornou a marcar e ajudou o Moleque Travesso a tirar o Fluminense da competição, em vitória por 2×1 na Rua Javari.

Tendo já caído nas graças da torcida, aquele time do Juventus ainda avançou às quartas de final, eliminando o Avaí, e à semifinal, tirando o Bragantino em um jogo marcado por um temporal que dificultou o jogo, e por muita raça do Moleque Travesso, que se esforçou para manter o placar de 1×0 até o final, jogando com um a menos e tendo um pênalti contra, defendido pelo goleiro Vitor Omena.

Na semifinal, o Juventus teve de sair da Rua Javari e não foi páreo para o Corinthians, que acabaria sendo o campeão daquela edição. A memória agora me trai. Não consigo precisar com certeza em qual partida dessa histórica campanha juventina aconteceu o fato que vou relatar, embora tenda a crer que foi contra o Avaí. Thiaguinho, após o fim do jogo, vem eufórico correndo na direção da torcida, sobe no alambrado e começa a cumprimentar os torcedores que passavam. No auge dos meus 17 anos, eu estiquei a mão e cumprimentei, de passagem, o jogador. Era como se eu soubesse: eu estava diante de outro filho da Copinha, um jogador que com certeza alçaria voos altos na carreira pelo futebol que demonstrara na competição.

O Juventus não soube aproveitar a qualidade do jogador, que no mesmo ano se transferiu para o Nacional. Em 2017, após se destacar nas divisões de acesso do Campeonato Paulista, chamou atenção do Corinthians, para onde se transferiu em 2018. O resto, o resto é história.

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