O caminhão tempestade de Itaquá

Desde que Itaquaquecetuba foi confirmada como sede da Copinha em 2024, era uma vontade conhecer o estádio da cidade, Ildeu Silvestre do Carmo. Vontade esta acentuada depois da campanha do Aster no ano passado, que chegou nas quartas-de-final em sua primeira participação na competição.

Foi com isso em mente que eu decidi iniciar minha trajetória de jogos na Copinha de 2025 por Itaquá. Não posso dizer que tenha sido fácil. Nunca havia utilizado a linha 12 da CPTM, e não tinha ideia de quanto tempo demorava para chegar na cidade. Acabei me atrasando, no horário de início do jogo o trem ainda estava chegando na estação Itaquaquecetuba. Apesar do Google me dizer que era mais rápido descer em Aracaré, eu desci ali mesmo e fui de Uber.

Eu entrei no primeiro portão que vi no estádio: setor visitante. Mas com uma organização de fazer inveja para muito estádio maior, o staff do estádio havia se preparado para a possibilidade de que alguns atrasados entrassem por ali e quisessem atravessar para o lado mandante.

O lado mandante que estava abarrotado, e a única ressalva que a GCM local, responsável pela segurança do estádio fazia, era pedir que os torcedores não ficassem no alambrado (que de fato, com a quantidade de gente, correria riscos de desabar em um momento de gol). Apenas no intervalo de jogo eu consegui atravessar para o outro lado da cabine de transmissão, que estava mais vazio, mas que logo ia encher quando as pessoas que chegaram depois conseguissem chegar até lá. Naquela altura, mesmo sem o patético reconhecimento facial que a federação inventou funcionando no estádio, já havia um bloqueio para diminuir o número de pessoas no estádio, e quem saísse não poderia mais voltar.

No segundo tempo, eu tive mais conforto do que no primeiro, já que naquele local não estava tão lotado quanto onde eu ficara na primeira etapa. Mas fazia um calor infernal e a proximidade entre tantas pessoas não ajudava muito. O clima estava absolutamente abafado. Lá pela metade do 2º tempo — o Aster acabou ganhando do Dourados por 4×1 — apareceu o que a primeiro momento me pareceu um caminhão pipa, no lado oposto de onde eu estava, e começou a jogar água nos torcedores, para refrescar. Depois, eu me inteirei de que não era um caminhão pipa, mas sim o caminhão tempestade da GCM de Itaquá, utilizado normalmente para dispersar badernas.

E eu via que havia um policial — bem poderia ser o prefeito da cidade, uma vez que eu não conseguia ver bem dali — mirando nos torcedores, tentando identificar quem ainda não havia sido molhado ou quem estava fugindo do jato d’água. Por uns bons minutos o bandeirinha número 2 tomou um verdadeiro banho, possivelmente porque marcou um impedimento contra o Aster que o pessoal do caminhão não concordou muito, e ficou acompanhando os passos do assistente com o jato d’água.

Infelizmente, o caminhão não se atentou ao tempo de jogo, passando infindáveis minutos daquele lado, e quando passou para o lado onde eu estava, o jogo já havia acabado e o público começava a sair do estádio, pelo que eles pararam com a brincadeira antes de chegar no meu setor. E eu queria me molhar, porque estava muito calor. Inclusive eu fui embora — depois do segundo jogo — com a cabeça explodindo. Mas fiquei na vontade.

No segundo jogo, Vila Nova x Falcon, eu ainda fiquei próximo a membros da comissão técnica do Aster, que realizaram alguns comentários interessantes sobre o primeiro jogo, que talvez algum dia eu conte por aqui. Mas nesse dia ficou claro pra mim que a cidade de Itaquaquecetuba, desde o poder público até os cidadãos, valoriza a Copinha de um modo todo especial.

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