O dia em que metade da torcida visitante era mandante

Desde que a Copinha retornou, após um 2021 sem competição devido a pandemia, algo interessante passou a acontecer na Mooca: o bairro passou a ter duas sedes na competição. Além do tradicional Juventus, o Ibrachina também entrou na parada.

Embora, como de costume, a Federação Paulista nunca pense muito no torcedor, aconteceu de que na segunda rodada dos grupos no ano de 2023, o primeiro jogo na sede do Ibrachina começou às 11h00, enquanto o primeiro jogo na Javari, às 13h00. Foi assim que eu decidi fazer uma rodada tripla naquele dia, indo assistir a vitória do Ibrachina sobre o Canaã, e depois sair de lá correndo para conferir o jogo entre Juventus x Remo, na Rua Javari.

Como já era de se prever, com os acréscimos e atrasos normais de jogo no Ibrachina, seria inviável chegar na Javari às 13h00 em ponto para pegar o início do jogo. Mesmo assim, fiz o pude, tentando percorrer a Rua Borges de Figueiredo no menor tempo possível. Se o jogo tivesse começado na hora, calculei que perderia 10 minutos de partida. Tudo certo.

Mas era sábado, o que significava público maior. E quando eu cheguei no portão da Javari, acesso negado. O estádio estava lotado. Obviamente eu não era o único ali naquela situação, outros torcedores do Juventus também haviam se atrasado e ficaram pra fora. E também obviamente, eu não iria desistir tão fácil.

Demos a volta no estádio e fomos para na Rua dos Trilhos. Entrada da torcida visitante. Naquela ocasião, o visitante era o Remo, um time que sempre colocava bastante torcida nos jogos em São Paulo. Naquele dia não foi diferente, o setor estava repleto de remistas, e a polícia, naturalmente, barrou qualquer torcedor que estivesse com a camiseta do Juventus. Mas para aqueles que estavam com camisas de passeio ou que se dispuseram a tirar suas camisas grenás, o acesso foi sim permitido. No meu caso, eu estava com uma camisa dos Engenheiros do Hawaii e poderia justificar, se alguém perguntasse, dizendo que as paralelas se cruzam em Belém do Pará.

Mas é claro que os policiais sabiam que a maioria dos que estavam entrando eram torcedores locais, ainda que sem uniforme do Juventus, e com o tanto de torcedores do Remo dentro do estádio, ficaram de orelha em pé. No intervalo, quando viram que havia sim espaço para passar todos os torcedores do Juventus para o lado mandante, a polícia acabou autorizando a transferência de setor, para evitar maiores embates.

Antes disso, o primeiro tempo foi realmente mais tenso. Eu mesmo, na hora que pisei no estádio, já com em torno de 15 minutos de jogo, me deparei com um jogador do Remo acertando um tirambaço no ângulo e abrindo o placar. E depois o Remo ainda ampliou. Era de se imaginar que o ambiente estivesse tenso, realmente. Mas os juventinos se comportaram bem. E no fim das contas, o estágio infiltrado na torcida do Remo me rendeu ótimas fotos e algumas conversas interessantes vindas diretamente de Belém do Pará. E o jogo acabou 2×1 a favor dos visitantes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja Mais:

Ibrachina Arena
William Santos Oliveira

O goleiro bonito

Na semana passada, eu divulguei um texto bastante revoltoso até, onde entre outras coisas eu reclamei do perfil do público que anda frequentando os jogos de Copinha. Hoje, no entanto,

LER HISTÓRIA COMPLETA »
Bruno José Daniel
William Santos Oliveira

Histórias de gandula

Na Copinha de 2025 muita coisa ficou pendente de compreensão para os torcedores. A péssima ideia e pior ainda comunicação sobre os ingressos por reconhecimento facial não deixava claro se

LER HISTÓRIA COMPLETA »